Aqui é a Carol e hoje vim apresentar minha primeira resenha aqui no blog. Espero que gostem e até mais!
Ficha Técnica:
Título: O Rei do InvernoColeção: As Crônicas de Arthur
Autor: Bernard Cornwell
Editora: Record
Páginas: 544
Nota: 4,5/5
Sinopse: O Rei do Inverno conta a mais fiel história de Artur, sem os exageros míticos de outras publicações. A partir de fatos, este romance genial retrata o maior de todos os heróis como um poderoso guerreiro britânico, que luta contra os saxões para manter unida a Britânia, no século V, após a saída dos romanos. "O livro traz religião, política, traição, tudo o que mais me interessa," explica Cornwell, que usa a voz ficcional do soldado raso Derfel para ilustrar a vida de Artur. O valoroso soldado cresce dentro do exército do rei e dentro da narrativa de Corwell até se tornar o melhor amigo e conselheiro de Artur na paz e na guerra.
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Confesso que sou muito fã da lenda do rei
Arthur, e já há algum tempo ando ouvindo falar muito bem de Cornwell, então
quando encontrei o livro em uma das minhas andanças pelo sebo, tive certeza
de que não poderia deixá-lo ali sozinho. Que tipo de pessoa eu seria se não o
levasse, certo?
Enfim, eu preciso admitir, todas as pessoas
que falaram bem do autor, estavam certas. Quer dizer, eu pensei que a narrativa
ia ser um pouco travada principalmente por causa das batalhas, intrigas e
política, mas estava totalmente errada.
Conrwell conseguiu guiar a história
magistralmente através dos olhos de Derfel, que narra o livro em primeira
pessoa após já estar velho, e com ele seguimos a história quase com um clima
místico, de um celta que repassa uma lenda em frente a uma fogueira. A
narrativa é leve, fluída e instigante. Nosso soldado conduz os fatos cheio de
sutilezas, o que o torna um personagem tão cativante, que é impossível não se
render a um sorriso ou outro durante sua jornada.
Desde o momento que comecei a ler, não
consegui mais parar até que tivesse terminado. E no final das contas, assim
como os saxões escravizavam o povo das vilas que atacavam, Cornwell me
escravizou.
"Estas são as
histórias de Artur, o Senhor das Guerras, o Rei que Nunca Existiu, o Inimigo de
Deus e - que o Cristo vivo e o bispo Sansum me perdoem - o melhor homem que
conheci. Como chorei por Artur!"
O Rei do Inverno, o primeiro livro da trilogia
As Crônicas de Arthur, conta a história do reino em caos após a morte de Uther,
o grande rei, e como Arthur, o filho bastardo, vem em defesa da terra e da
proteção de seu sobrinho pequeno, um herdeiro aleijado, que não é lá muito bom
presságio.
Somos apresentados a batalhas extremamente bem
descritas, a corrupção existente dentro do próprio governo e as estratégias
desesperadas para deter a invasão. Passamos tempo demais nos perguntando sobre
o desaparecimento de Merlin, que supostamente está em busca dos segredos da Britânia,
e encontramos o catolicismo que vem ganhando poder enquanto as religiões pagãs
o perdem. Dentre altos e baixos acompanhamos as mudanças e o crescimento de
Derfel, que se transforma de vítima a um grande guerreiro ao lado de Arthur. E
conhecemos personagens tão cativantes, fortes e honestos, quanto detestáveis e
manipuladores. Ame-o ou odeio!
Derfel nos conta logo nas primeiras páginas
sobre como era viver na própria casa de Merlin, com uma amarga e deformada
Morgana, os aleijados e loucos que o excêntrico druida “colecionava” e Hywell,
que é o seu primeiro mestre de armas. Sabemos mais sobre seu relacionamento com
Nimue, com quem cresceu e é a escolhida do mago, e todo o desenrolar da
história até conhecermos Arthur em toda sua glória.
E aqui preciso fazer adendo de um fato que me
cativou. A questão é, nós vemos o mundo através de Derfel, ou seja, conhecemos
Arthur como ele o próprio o vê, e nossa relação se desenvolve com ele conforme
a do personagem, nenhuma novidade até então, exceto que assim como nós mesmos
conhecemos a lenda do grande rei Arthur em um misto de feitiçaria, batalhas e
grandiosidade, Derfel também o faz.
Então no primeiro momento o general é visto
como o salvador, o guerreiro magnífico em sua armadura prateada e brilhante,
mas conforme o tempo passa e Derfel aproxima-se mais de Arthur, nós também o
fazemos, e conforme e amizade evolui, começamos notar que o grande homem na
verdade é apenas mais um bom guerreiro, que assim como os outros, sofre de
amores lascivos, Guinevere, comete
erros e tem sonhos que podem ser facilmente quebrados. Arthur transforma-se de
herói intocável a um amigo que respeitamos e admiramos.
Cornwell nos apresenta há dezenas de
personagens, cada qual com sua própria identidade. E ao longo do livro ganhamos
de maneiras sutis uma aula de história, com os ataques dos saxões, o
conhecimento deixado pelos romanos e o que se perdeu dos celtas nas invasões
antigas.
Os personagens da lenda continuam lá como
Lancelote, Guinevere e tantos outros, mas a maioria tem papéis diferentes ou
mesmo invertidos. Se você, assim como eu,
leu As Brumas de Avalon, vai ter uma surpresa com a Guinevere, acreditem ou não,
ela não é detestável! (Sinto muito mundo,
eu preferia a Morgana!)
“A vida é uma
brincadeira dos Deuses, costumava dizer Merlin, e não existe justiça. Você
precisa aprender a rir, disse-me ele uma vez, ou então vai simplesmente chorar
até morrer.”
Um outro fato que veio me incomodando desde
que comprei o livro, foi como Cornwell iria apresentar o lado mais místico que
há em toda a lenda. E a forma como ele faz isso são com pequenas referências
que cabem muito bem na história e deixam qualquer um que goste da lenda feliz.
Por exemplo, lembram da espada que Arthur tira da pedra, Excalibur? A cena está
lá, mas com um tom mais realístico e sutil.
Assim como ele nos apresenta o mundo mais
fantasioso dos pagãos com alguns toques mais simples, mas que não perdem
realmente a essência. Tudo fica meio nas entrelinhas da história, mas se
encaixa perfeitamente com o todo.
E já nas considerações finais, tenho apenas uma reclamação sobre o livro. É
IMPOSSÍVEL LER A MAIORIA DAQUELES NOMES! Sério, eu duvido que mesmo o Cornwell saiba
pronunciar todos! Mas antes que perguntem, o livro tem um glossário explicando
qual nome pertence a quem e a qual lugar, o que é extremamente útil, graças ao
fato de que esquecia com freqüência os nomes mais complicados, e acreditem, são
muitos.
Enfim, recomendo esse livro para todos que se
interessaram pela história, principalmente para quem gosta desse estilo, vocês
não irão se arrepender! Até porque a capa também é linda, principalmente nesse
tom de azul e na frente tem um urso, que é o estandarte do Arthur na história!
E a diagramação, pela qual a editora Record está de parabéns. Mal posso esperar
para ler o próximo, O Inimigo de Deus!
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