21 fevereiro 2017

RESENHA | Borborema


Sinopse:

Annabel é uma mulher fria e calculista, que fugiu do seu passado para a cidade grande e construiu uma vida "segura" e invejada por muitos. Sua intenção era nunca mais olhar para trás, porém um telefonema muda tudo e a obriga a voltar à Borborema, a fazenda de sua família.
    
Lá, ela terá que enfrentar muito mais do que inicialmente havia imaginado. Conflitos familiares, medos particulares, um assassinato que de alguma forma pode estar relacionado a ela e um homem que promete abalar as estruturas nada firmes de seu ser. 
    
Borborema promete envolver e encantar o leitor da primeira à última página. 

Resenha:

Eu sei que esse título pode não soar estranho aqui no blog porque eu já fiz as primeiras impressões dele por aqui, mas agora, como blog parceiro da autora tivemos acesso ao livro na integra e corremos para trazer a resenha para vocês.
Como eu disse nas primeiras impressões, o livro começa com Annabel no tribunal, lugar onde ela se sente mais confortável, mas além disso, somos apresentados a uma Annabel que acima de tudo se esforça para não precisar de ninguém, para ser independente e autossuficiente. Acho que muitas vezes nem ela se dá conta disso e é forçada a enfrentar tudo quando recebe uma ligação do lugar que tinha abandonado muitos anos atrás. Lá, ela tinha deixado para trás não só a fazenda na qual crescera, mas também toda sua família, seu coração e grande parte de si mesma.
O primeiro nó a ser desfeito no livro é o que fizera Annabel abandonar Borborema e fugir de Siqueira Campos em primeiro lugar, mas esse é o primeiro, de no mínimo três nós. Eu não consigo rotular Borborema em um único gênero, engana-se, como eu me enganei, quem acha que é só mais um romance. Só que é um romance, e é também um mistério, e um livro de investigação e ação.
Annabel volta para casa, passa um tempo tentando lidar com várias versões diferentes dela mesma que foram obrigadas a se confrontar e vários fatores externos parecem querer deixá-la louca.
Mas Annabel encontra o amor de novo, ainda que lute contra ele. E isso, foi a coisa que mais me incomodou em todo livro e foi mais uma particularidade do personagem do que qualquer outra coisa. Foi uma birra pessoal com a protagonista mesmo, daquele tipo que eu queria a sacudir e falar umas poucas e boas, sabe? haha.
Acontece que Annabel tem a vida dela na capital, é independente, bem-sucedida e uma profissional estimada, mas ela encasqueta que precisa de um homem para cuidar dela, que precisa de filhos e blá blá blá. O problema não é ela desejar um homem ao seu lado e querer construir uma família, é como ela parece achar que nunca vai ser feliz sem isso sendo que ela viveu anos por si mesma e estava satisfeita com a vida que tinha. Eu entendo que ela abdicou de algumas coisas para viver outras, mas a vida é feita de escolhas e não dá pra conseguir tudo. Quando ela focou na satisfação profissional, a vida pessoal dela ficou em segundo plano e não há nada de errado nisso, foi uma escolha e durante um tempo isso bastou para ela até que não era mais suficiente. Foi nesse ponto que eu me irritei, ela sabia que podia ser feliz com a vida antiga porque já fora, mas aí ela passa a achar que não pode mais ser suficiente para si mesma, que precisa de um homem para cuidar dela sendo que ela sempre se cuidou sozinha. Ah, por favor. Porém, eu entendi que precisava aceitar as escolhas dela e aí fiquei de bem com Annabel de novo.
Não me interpretem mal, é um ótimo sinal o fato de eu me chatear com a protagonista, quer dizer que a história, a trama me envolveu tanto que eu vejo o personagem como uma pessoa e não só como alguém que não existe fora das páginas do livro. E, de fato, a escrita te envolve e os personagens soam verrosímeis, com seus defeitos e indecisões.
Aí o livro dá outra guinada, a vida romântica da protagonista não é mais o foco, ainda que esteja sempre em um plano secundário. Segredos não revelados, crimes, trapaças, inimigos, aliados, sujeiras, tiros, sangue, ação... Tudo isso se enlaça numa teia que prende Annabel no meio e somos levados juntos.
Acho que posso dizer que em Borborema vemos o amadurecimento de Annabel, mesmo que ela se acha a velha sábia no quesito coisas da vida, eu posso citar pelo menos quatro Annabeis diferentes no decorrer do livro e no final, eu entendo que ela teve que se perder para se encontrar e agradeço por ela ter deixado a gente acompanhá-la nessa aventura. 

Vocês podem adquirir o livro no site da editora e acompanhar as novidades na página do facebook do livro.

Um comentário:

  1. Olha, fiquei superfeliz com os apontamentos que você fez, Nath! Que bom que você captou a Bel tão bem.
    O que quis demonstrar com essa dela querer muito ter filhos não foi de repente. Ela se sentia segura e ótima em sua vida, até que ela volta e se depara com a irmã com filhos, todos casados ou amando e aquele lado dela que foi preciso deixar de lado para seguir em frente e por isso não era maduro o suficiente é trazido a tona. Então ela realmente passa por muitos conflitos existenciais que a farão amadurecer a outra parte dela.
    Agradeço de coração pela resenha!

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