24 março 2015

O Doador de Memórias | RESENHA


O Doador de Memórias nos transporta para uma sociedade distópica na qual os habitantes vivem de forma extremamente organizada, onde os filhos, maridos e esposas de cada habitante são escolhidos pelos chamados anciãos, uma sociedade onde não existe dor, medo, discórdia, cor, intrigas, guerras, enfim, os habitantes vivem em total harmonia. Tudo isso por um único motivo: as pessoas não têm memórias. Não que eles não consigam lembrar os acontecimentos de suas vidas, mas sim por terem sido tiradas delas todas as lembranças do mundo hostil no qual vivemos, tornando assim uma sociedade “perfeita”.
A história gira em torno de Jonas, que é o personagem principal. Ao completar doze anos de idade cada criança é designada para uma função (um emprego) de acordo com as observações que os anciãos fazem delas a vida inteira. Assim se tornam adultos e a idade não importa mais, a próxima fase é o treinamento, para que eles possam ser profissionais que administram com maestria as suas funções. Jonas é escolhido entre todos para a mais honrosa função da sociedade: ele será o novo recebedor das memórias.
O recebedor de memórias é o único dentre todos que tem acesso às lembranças do passado, dos sentimentos, das cores. Só ele sabe toda a história e como o atual recebedor já está velho, a escolha de um novo recebedor foi feita e esse será Jonas. Todos os dias, depois da escola, Jonas segue para seu novo treinamento e a cada dia ele descobre coisas e experiências que nunca vivera ou vira antes. Desde a neve ou simples trenó (coisas tão normais, mas que não fazem parte da realidade daquela sociedade) até sentimentos puros, bonitos e outros cruéis, dolorosos e tristes.
A partir daí Jonas passa a enxergar o local onde vive de uma forma totalmente diferente. Todas as lembranças que recebe passa para ele um sentimento de querer mudar. Principalmente quando descobre o amor. Assim como outras distopias aquele modelo de sociedade perfeita não dura para sempre, sempre haverá uma faísca, para causar alvoroço.
A forma como a autora descreve os sentimentos das lembranças é muito instigante, causando em nós, leitores, uma certa paz, quando nos vemos por meio de suas palavras velejando em um lago sereno, e dor quando nos vemos em meio à uma guerra, pessoas clamando por água, comida ou uma ajuda para escapar da morte certa.
Lois Lowry construiu os personagens muito bem, mesmo que todo o livro seja focado somente em Jonas e o Doador (que era o velho recebedor, mas como o garoto foi escolhido para o cargo cabe ao Doador passar as lembranças que possui para o menino.). A narrativa é fácil e os capítulos bem construídos. O livro não é dotado de ação, isso pode frustrar o leitor, mas depois de se acostumar com a narrativa a leitura transcorre prazerosa.
Para mim o livro trouxe muita reflexão à respeito de pessoas viverem em uma felicidade falsificada, onde não se pode amar, não pode se apaixonar, onde não há dor (pois mesmo ruim a dor faz parte da vida), enfim, são inúmeras reflexões. A história segue em mais três livros da série, mas somente o segundo, A Escolhida, já foi publicado no Brasil. Há também uma adaptação cinematográfica de O Doador de Memórias (2014).
Espero que tenham gostado da resenha e tenham se interessado pelo livro. Se você já o leu deixe sua opinião nos comentários, deixem suas sugestões e curtam nossa página no facebook clicando aqui.

Trailer do filme:



Título: O Doador de Memórias (O Doador)
Autor: Lois Lowry
Ano: 1993


Sinopse: Os habitantes de uma pequena comunidade, satisfeitos com a vida ordenada, pacata e estável que levam, conhecem apenas o presente - o passado e todas as lembranças do antigo mundo lhes foram apagados da mente.Um único indivíduo é encarregado de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis.

Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz ideia de que seu mundo nunca mais será o mesmo. Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar.

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