22 maio 2015

Paulo Leminski: Minha seleção



    Olá, pessoal. Como andam? Se você vem sempre aqui deve ter percebido quanto tempo ficamos inativos, certo? Mas agora, voltamos com tudo. 
     Hoje escolhi alguns dos meus poemas favoritos do Paulo Leminski. Espero que curtam.


  • Bem no Fundo
No fundo, no fundo,bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.


  • Amar é um elo
Amar é um elo entre o azul e o amarelo.

  • Não discuto 
não discuto
com o destino
o que pintar
eu assino.


  • A  lua no cinema
A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor
que até hoje a lua insiste:
— Amanheça, por favor!


  •  Amor bastante
Quando eu vi você 
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante
basta um instante
e você tem amor bastante.


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